terça-feira, 15 de outubro de 2013


Dia 24 de Setembro, "Nothing Was The Same", terceiro álbum do "rapper" Drake foi lançado. Deixo a palavra rapper entre aspas pois cada vez mais, Drake se distancia do mundo do hip-hop e entra no cenário do R'n'B. Com uma abordagem mais introspectiva desde a capa, que mostra o artista em duas fases de sua vida, um Drake bebê e o outro já crescido, se encarando, refletindo sobre as mudanças que ocorreram nesse período. Ouvimos a versão Deluxe, que conta com 3 faixas a mais. Confira abaixo:

Tracklist:
1. Tuscan Leather
2. Furthest Thing
3. Started From The Bottom
4. Wu-Tang Forever
5. Own It
6. Worst Behavior
7. From Time
8. Hold On, We're Going Home
9. Connect
10. The Language
11. 305 To My City (f/ Detail)
12. Too Much
13. Pound Cake (f/ Jay Z)
14. Come Thru
15. All Me (f/ Big Sean & 2 Chainz)
16. The Motion (f/ Sampha)

Resumão:

Henry De Luca:
Eu gostei do álbum, sonoramente falando, e em algumas, até liricamente, mas é evidente a falta de criatividade de Drake na hora de compor. Ou talvez falta de habilidade. Ou talvez ambos... Muitas faixas tem várias repetições, não só da música em si, mas trechos de outras músicas, como o "It's Yours", que aparece em várias das músicas aqui contidas. As instrumentais muitas vezes são dão mais o que falar do que o próprio Drake, que falha em dizer em palavras o que o beat "nos conta". De qualquer maneira, já é um avanço e tanto ver o artista sendo mais introspectivo, ao invés de só se gabar sobre seus bens materiais e sobre seu dinheiro. Mesmo assim o tema ainda é recorrente. Outra coisa que entra em conflito aqui é o fato dele muitas vezes rimar sobre amor, relacionamentos, e traçar toda essa personalidade sensível, e depois surgir com frases que tentam criar uma imagem de "machão", ou seja, não sabemos o que o cara acha dele mesmo. Isso é estranho. Meio hip-hop e meio R'nB, esse álbum mostra que Drake é um artista versátil, e que merece ser escutado, pelo menos uma vez.

Papelão Rei:
Drake conseguiu vender este álbum apenas com “Started from the Bottom”, principal single antes do lançamento, apesar do peso de um lado, a força oposta é o conteúdo que as outras poderão oferecer. E o problema não é tão bem resolvido, muita pedrada nesse caminho.

Track-By-Track

1 - Tuscan Leather:

Henry De Luca:
Essa é a clássica faixa "humilde" e sem história que praticamente todo rapper hoje em dia tem. Aqui vemos Drake se gabando sobre sua vida. Seu dinheiro, sua fama, sua personalidade, enfim, em termos de letra não temos nada muito especial aqui. O que chama a atenção nessa intro é que temos 3 beats diferentes, e todos se encaixam muito bem com seu flow. O que faz Tuscan Leather uma música agradável de ser ouvida.

Papelão Rei:
A pior coisa ao se conversar pela primeira vez com alguém quando ela é extremamente egocêntrica. E esta música simplesmente é diversas cusparadas na face durante seis minutos não tão longos, pois por sorte, um pedido de desculpas pode resolver. No caso, a desculpa é uma bela produção.

2 -  Furthest Thing:

Henry De Luca:
Não tenho muito o que falar sobre essa faixa, além de que gostei da mudança de ritmo no final. Fora isso foi bem normal. Música típica de Drake.

Papelão Rei:
Agradável. Nada espetacular, mas soa bem aos ouvidos.

3 - Started From The Bottom:

Henry De Luca:
Apesar de muito repetitiva, essa faixa é de longe a mais "catchy" do álbum todo. Não é necessariamente minha preferida, mas é a que mais ouvi, pois simplesmente gruda na sua cabeça. E é isso que Drake deveria ter feito no álbum todo, pois ele tem talento pra isso. O esquema dos artistas mainstream é isso, criar músicas fáceis de serem decoradas, com um beat legal ao fundo, pra que as pessoas não só escutem por que gostam e sim, escutem pois não conseguem parar de pensar nisso. Voltando pra faixa, apesar de ser tudo isso, mostra como Drake é limitado quando compõe suas letras. O exemplo que ele dá de ter começado no fundo do poço é que ele morava com a mãe e brigava com ela todo mês. Se for assim, todos nós (a equipe enorme do Batalha) estamos ferrados, pois temos discussões quase diárias com nossas mães.

Papelão Rei:
Uma droga.  O nível de vício pode ser comparado ao crack eu diria não que eu tenha utilizado de crack, ao provar a primeira vez é impossível, impossível não repetir o refrão, é impossível não ouvir esta música mais de dez vezes. Agora qualquer droga que seja só tem valor aos viciados dela, logo vale meu testemunho, realmente sou um viciado.

4 - Wu-Tang Forever

Henry De Luca:
Apesar de ser minha música predileta do álbum, ao se ler a letra fica claro que o nome "Wu-Tang Forever" não foi nada senão uma jogada de marketing. Isso mesmo. A minha impressão é que Drake tinha essa música quase feita, mas ainda restava o nome, então ele colocou algumas referências ao grupo Wu-Tang Clan e fingiu que tinha alguma coisa a ver. O refrão "It's Yours" é o nome de uma música da Wu-Tang (It's Yourz), do álbum "Wu-Tang Forever", daí o nome. O tema é basicamente um romance de Drake com (obviamente) uma mulher, mas também é uma analogia ao "jogo", que é o hip-hop.

Papelão Rei:
Tudo que é genial possui renegadores. Wu-tang forever é uma homenagem ao grande grupo Wu-Tang Clan, a música do grupo “It’s yourz” é utilizada como referência a todo instante. A letra é uma translação do jogo do grupo, entretanto o objetivo de Drake no caso é uma mulher, assunto pouco explorado por RZA e companhia. Logo o motivo de eu não ser um renegador, a ideia é muito bem feita, bem construída, tanto que os homenageados gostaram, então basta.

5 - Own It

Henry De Luca:
Uma transição legal logo de cara. Essa faixa começa onde a anterior termina, o que quando feito da maneira certa, fica muito legal. Se você achava que "Started From The Bottom" era repetitiva, espere até ouvir essa faixa. Começou bem, mas logo já começou a cair no meu conceito. Primeiro com várias repetições de "Guess Whose It Is?", segundo com "Own It", que é praticamente o refrão todo. Tudo é repetido mais de uma vez. Não é necessariamente uma música ruim, mas eu a considero fraca.

Papelão Rei:
Ela é conectada a música anterior tanto no início quanto pela garota, mas a homenagem agora já foi pro espaço, então há um desleixo aparente, a tentativa de viralizar o “Own it” como “Its’yourz” não é bem sucedida, enfim deixa no ar que poderia ser melhor, mas tem algumas qualidades.
O refrão é chato com todos seus adereços e paramentos não convencem, e como ele é repetido várias e várias vezes a música no geral se torna chata.

6 - Worst Behavior

Henry De Luca:
O único defeito de "Worst Behavior", pra mim, é o refrão. O beat é bom, muito bom, e o flow dele fica no ponto, mas esse refrão poderia ser muito melhor trabalhado. Talvez chamando alguém pra participar, mas que não fosse cantado, pelo amor, não precisamos de mais disso no álbum. O problema do refrão é que não nos conta nada de novo. É praticamente os dois versos de novo, é como se fosse uma repetição de versos. Deveriam ter prestado mais atenção nisso...

Papelão Rei:
Se fosse o Rick Ross com sua voz arranhando seria uma música legal, mas como não é e está longe ainda então ficou ruim.

7 - From Time feat Jhene Aiko

Henry De Luca:
O que logo chama a atenção é que essa é a primeira faixa que tem a participação de alguém. Logo quando começou achei muito dramática pra mim, mas depois o gosto foi crescendo e vi que além da Jhene ser uma ótima cantora, Drake fez uma composição decente na letra, o que é sempre bem-vindo. Só não entendi por qual motivo colocaram um cara (Baka) falando sobre outra coisa nada a ver com a música em si. Mas isso é o de menos.

Papelão Rei:
Mas que confusão é essa, meu amigo? Não digo entre Drake e Jhene, mas em todo contexto da música no álbum, além das badaladas pouco exatas. Enfim, mediana, talvez como em casos anteriores a produção ajudasse, mas as batidas, os ritmos em si não foram de se exaltar.

8 - Hold On, We're Going Home

Henry De Luca:
Provavelmente a faixa que menos gostei no álbum todo. Muito drama pra mim. Parece algum adolescente emo, chorando por um amor platônico. Eu acho que Drake fica bem enquanto rima sobre essas coisas, mas na maioria das vezes que canta sobre isso, eu fico meio decepcionado, pois não acho que fica com a mesma qualidade. "Hold On, We're Going Home" Tem quase quatro minutos, mas a impressão que tenho é que é muito maior, pois o tempo custa a passar enquanto a escuto.

Papelão Rei:
Drake como cantor, é um ótimo rapper. Apesar de rapper estar no contexto de cantor, ser rapper é bem menos exigente que outros ritmos com vocais. Quando Drake num tom baixo, tentando explorar o R&B meio Dance, não deu certo, melhor apenas introduzir suas rimas em que utiliza do gênero da forma correta.
Legal escolher um ritmo lento e bem cadenciado para o contexto em que uma relação está à prova. Mas não combina com o Drake ou ele não está desempenhando da forma correta, pois o que prejudicou é o modo dele conduzir, mas parecia padre em velório.

9 - Connect

Henry De Luca:
Não gostei muito dessa música. O beat tem algumas partes legais, mas fora isso é bem simples e esquecível, o que, combinando com as rimas fracas de Drake sobre outro relacionamento, tornam "Connect", uma faixa que não será lembradas por muitos, senão os que a odiaram.

Papelão Rei:
Realmente Drake já está na elite do rap, tanto que seu álbum chegou a ser o primeiro mais vendido, mas não precisa escarrar na nossa cara, além do que faltou empenho no ritmo de sua parte, como era um plano de fundo bom, porém simplório, algo a mais deve ser feito do rapper ou no mínimo alguns paramentos que combinem. Ficou bem fraca no geral.

10 - The Language

Henry De Luca:
Gostei do flow, gostei bastante. Bem inusitado, vindo de um álbum com um foco tão grande no "R'n'B". Fora isso é o Drake típico, se gabando das coisas que tem. Se essa música valesse um ponto, ganharia meio pela criatividade no flow, mas 0 pela criatividade na letra.

Papelão Rei:
Uma música de corno em inglês e no rap. Aí não amigão!

11 - 305 To My City

Henry De Luca:
Achei o refrão bacana, apesar de também repetitivo (como metade do álbum). Quanto aos versos, bem esquecíveis mesmo. O interessante aqui é que tudo soa bem. Mesmo ouvindo várias e várias vezes as repetições isso não estraga o momento, diferente de algumas outras músicas desse álbum.

Papelão Rei:
Essa música é um estilo bem comum atualmente, e com estes trejeitos uma que realmente soa muito bem é “You don’t know” do Big Sean, o que os difere são vozes juntamente das batidas no plano de fundo, talvez nessa estética saísse da média.

12 - Too Much feat Sampha

Henry De Luca:
Essa é uma daquelas que todos os "haters" de Drake precisam ouvir. Apesar de não ser uma de suas melhores, mostra que o rapper sabe ser introspectivo, coisa que a maioria das pessoas duvidam. A participação de Sampha só dá uma ênfase maior nisso.

Papelão Rei:
Muito boa, funciona do modo que não funcionou em “From Time”. A poderosa voz de Sampha combinando e uma energia na disposição de Drake deu um ar bem legal à música.

13 - Pound Cake feat Jay-Z/Paris Morton

Henry De Luca:
Cake, Cake, Cake,Cake,Cake,Cake,Cake,Cake! Cake Pra todo lado. Que porra de falta de criatividade é essa, Jay-Z? Eu até gostei de Pound Cake num geral, mas essa repetição absurda de bolo me deixou pasmo. A transição pra Paris Morton não foi lá muito inteligente também. Deixar uma música solo com o Jay-Z chamaria bem mais a atenção e ele poderia colocar esse trecho em uma música mais fraca.

Papelão Rei:
Jay-Z está com vícios e está música não sai do eixo, rimar com palavras em espanhol é uma delas, nesse modo nada espetacular anda saindo de suas rimas. O melhor da música é a virada para “Paris Morton”, conclui-se em nada muito especial.

14 - Come Thru

Henry De Luca:
Adivinhe o tema dessa música e você ganhará um belo e gostoso nada. Preparado? Sim, você acertou, é sobre uma mulher! Tá parecendo mais o The Weeknd assim... Mas até que é uma música bacana.

Papelão Rei:
Novamente em R&B, novamente mal.

15 - All Me feat 2 Chainz e Big Sean

Henry De Luca:
Legal pra dar uma risada, principalmente com as frases do 2 Chainz, tais como: "my dick so hard it make the metal detector go off". É tão escroto, que fica engraçado. Parabéns ao 2 Chainz, pela inteligência.

Papelão Rei:
A turma da pepeka não abdica da sacanagem, nada muito a se esperar se não um bom ritmo, isso ocorre, logo bem agradável.

16 - The Motion feat Sampha

Henry De Luca:
Parecendo música de crédito de um filme, "The Motion" não tem graça nenhuma e seria melhor não ter sido colocada no álbum, isso na minha opinião. Se você quiser tirar uma soneca, essa é a música certa pra você!

Papelão Rei:
Ele não sabe o que quer, nesta música não altera o gênero, mas altera sua voz durante toda música, difícil de aceitar.

Conclusão:

Henry De Luca:
Drake É um artista interessante. Hora faz hip-hop, hora faz R&B, hora não faz nenhum dos dois, e algumas vezes isso funciona, mas como vimos nesse álbum, algumas vezes não funciona também. O artista ainda está se descobrindo, e como já é tão bem sucedido, tem muita carga sobre seus erros. Acho que todos deveríamos parar de prestar tanta atenção, não só nos erros dele, como na música que ele faz, pois parece que tudo que Drake libera já tem sucesso garantido, como por exemplo o Eminem. Não comparando um com o outro, mas tudo que Drake lança é tanto odiado em massa e amado em massa, o que provavelmente faz o cara criar essas misturas sem graça. E é por isso que vemos tantas falhas aqui. Não dá pra se agradar vários públicos de uma vez, por isso existem os gêneros musicais.
Nota: 6,2

Papelão Rei:
Drake está confuso. Seja em relação a ser humilde ou ostentar, seja em rap ou R&B, seja nas letras de romance ou apelo sexual, seja em saber fazer música boa ou ruim. Drake não é uma opção para ouvir letras bem feitas, não só ele como todos que estão na gravadora Cash Money, mas ele consegue em determinados momentos ápices de qualidade.
Nota: 5,0

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