sexta-feira, 21 de abril de 2017


O tempo modifica tudo e o gosto musical não está imune aos efeitos de Chronos. Depois de mais de dois anos sem qualquer postagem, muito do que não gostava passei a gostar, talvez por estar ficando cada vez mais velho, inclusive aquela sensação de “Nossa, eu ouvia Linkin Park” não surge como problema, mas sim como algo representativo do momento da minha vida quanto do momento musical da época. Claro que o apreço se modifica, hoje em dia ouvir Linkin Park não é uma prioridade, talvez Fort Minor.
Capa de Nothing was the Same

Mas um post que me marcou muito nesse ano ausente, naquele efeito nostálgico de buscar o que escrevi e as críticas feitas. E é curioso como o poder do tempo te faz enxergar um idiota no passado. O texto responsável por me fazer refletir é a batalha sobre o álbum “Nothing was the same” do Drake, álbum este que considero o melhor do rapper canadense, mas em 2015 dei uma nota patética e considerei diversos problemas do álbum como problemas do artista. Porém para afirmar que é o melhor trabalho do próprio é necessário além de uma revisão da revisão, uma revisão de todos os álbuns, mixtapes e criações dele mesmo como o último chamado de playlist.
O canadense em si é uma figura controversa no universo do hip-hop. Sua nacionalidade, sua origem de família de uma classe média, sempre presente na classe artística por seu pai ser músico, por ser ator de série adolescente antes de entrar na música e até a estupidez de avaliar sua tez. Entretanto dois pontos são muito suscitados por aqueles “hip hop heads”  (os saudosistas do rap old school), primeiro pela leveza nas letras, apesar de ter entrado de “Take Care” em diante em temas mais egocêntricos e até mesmo em temas de pouca importância, o foco que não foi deixado de lado é o amor, romance e as variáveis dentro destes.  Outro ponto é como ele não se compromete com um ritmo puro, ou seja, sempre passa do rap pro rnb facilmente, sendo o artista que influenciou muito a indústria em reproduzir o rap com refrão rnb, não que tenha inovado, só trouxe força para a reprodução em progressão aritmética.
Drake é um dos artistas mais importantes da atualidade. O cenário pop que era nos anos 80 de rock, disco e rnb, atualmente está entre uma estética pop remanescente dos anos 90, da eletrônica, rnb e do rap. Os números do artista são incríveis, cada lançamento um novo recorde.
Os trabalhos anteriores a “Nothing was the same” é a leveza já citada, não possui nada pesado, se quer batida. São trabalhos médios, relevantes de certa forma por ser uma proposta musical diferente quanto a forma que trata os temas e a variação rítmica. A relevância é pro público geral, não àqueles  fixos no rap.
O álbum “Nwts” teve um grande impulso, o single “Started from the bottom” foi uma explosão não só para o lançamento do projeto, mas pra carreira. Um banger de sucesso que saía do padrão que ele vinha demonstrando. Porém essa projeção de um Single monstruoso foi superado mais a frente.
ou não!
Depois veio a mixtape “If you are reading this it’s too late”, onde o foco é banger atrás de banger. Mas não é tão bom assim, até a sétima música é excelente, depois você cai numa rede de repetições, pois você ouve o resto e cansa, volta pro início e ouve as sete primeiras em loop.
Uma vertente do rap muito presente na música pop é o trap. Drake foi atrás do trap, e junto com Future fizeram “What a time to be alive”, uma mixtape importantíssima, por nela estar o lançamento para o mainstream de um dos principais produtores da atualidade, Metro Boomin. É um ótimo álbum para entender o trap, você esquece o conteúdo das letras, fica sintonizado nas batidas sensacionais junto com o Flow absurdo dos dois.

O gênio por trás de Jumpman
Antes de ir para um novo álbum Drake entrou em uma treta com Meek Mill em relação a Ghostwriting, muito mais interessante que saber se ele tem Ghostwriters ou não, ele lançou três disses: Charged up, Back to back e Summer Sixteen. Junto com estas músicas, ele participou de várias músicas de outros artistas de muito bom gosto.

Do grupo de boas features: Work
Chegamos a “Views” , um álbum impulsionado por um dos maiores singles da indústria fonográfica, Hotline Bling. O álbum possui blocos de músicas, em que pretende rimar, outro cantar, outro misturar. A influência do DanceHall na parte cantada funcionou muito, de fato é a melhor parte do álbum, o resto é as vezes audível, as vezes muito desprezível.

Até meme o cara virou
More Life, classificado pelo artista como uma playlist, é um conjunto de músicas que sobraram de “Views” com algumas musicas com participações dos principais artistas do trap.
Muito difícil de compreender como um projeto, se pensar na lógica de playlist até tem um sentido, porque para ouvir você tem que selecionar as que gostaram na primeira e segunda vez que ouviu.
                Por fim algumas das críticas feitas ainda possuem sentido. A confusão de ritmos atrapalha Drake em produzir projetos de um nível alto, pois acaba escalando de música para música, não produzindo uma consistência. Mas dito isto tudo cadê a mudança de ideia? Ela está no fato de que não há uma inconstância em “Nothing was the same”, não há uma música que saia da nota 7,5 para cima.
Mas não somente minha mudança de opinião o faz feliz
Muito da avaliação da época não tinha uma compreensão das propostas do artista, ele não se propõe como o salvador, o objetivo dele é claro, ser o melhor, não em crítica, mas o melhor no sentido de ser conhecido em todos os pontos do Mundo, independente de classe social. Entender a proposta do artista permitiu ter uma visão das temáticas e a forma abordada em cada projeto.

- Papelão-Rei

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